quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Adolescentes fluorescentes – “Arctic Monkeys at The Apollo”

Se Walter Benjamin (1892-1940) tivesse nascido uns anos mais tarde, poderia ter desenvolvido sua teoria a respeito da aura ao assistir a "Arctic Monkeys at The Apollo", filme que retrata o último show da turnê do grupo inglês, ocorrido em 17 de dezembro de 2007. Assistir a um show ao vivo é uma experiência única, catártica muitas vezes, impossível de se reproduzir por meio de um filme. Quem vê um show gravado tem a mesma sensação de quem assiste a um jogo na TV ou a um filme pornô. Até que é legal, mas o bom mesmo seria estar lá.

Se a comparação filme/show ao vivo é injusta com o primeiro, resta então analisar a obra pelo que é. Para azar de "Arctic Monkeys at The Apollo", também sobre este prisma ele sai perdendo. Pois “...at The Apollo” não difere em nada de qualquer DVD de show encontrado aos montes hoje em dia. Faltou a Richard Ayoade, que assina a obra, arriscar mais. Filmado em 16 mm, poderia ter se aproximado mais do cinema, utilizado ângulos menos óbvios, recursos originais, enfim, entregar mais do que simplesmente imagens da banda em ação. O que se salva é a bela iluminação, muitas vezes escura no geral, com luz apenas nos garotos da banda. “Adolescentes fluorescentes”, parece evocar a luz. Mas fica só nisso. Se bem que, para a geração YouTube, acostumada que está com imagens de shows pixeladas e tremidas, assistir a 76 minutos de bons sons e imagens nítidas não deixa de ser um alívio.

Nenhum comentário: